ROTEIRO 14
RELAÇÃO DA CRIATURA COM
O CRIADOR
SACRIFÍCIOS, MORTIFICAÇÕES
E PROMESSAS
OBJETlVOS ESPECÍFICOS
Analisar porque os sacrifícios,
mortificações e promessas, tal como se entende vulgarmente,
são manifestações de culto externo.
Expor o pensamento espírita
a respeito desses atos.
IDÉIAS PRINCIPAIS
Sacrifícios ou "(...) sofrimentos
voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem
de outrem. (...)" (03)
Privar-se a si mesmo e trabalhar para
os outros, tal a verdadeira mortificação, segundo a caridade
cristã. (...)" (02)
As promessas representam, em essência,
uma das manifestações de culto externo.
FONTES DE CONSULTA
BÁSICAS
01. KARDEC, Allan. Privações
voluntárias. Mortificações. In: –. O Livro dos Espíritos.
Trad. de Guillon Ribeiro. 57. ed. Rio de Janeiro FEB, ’l983. Questão
720, p. 343.
02. Op. Cit., Questão 721,
p. 343.
03. Op. Cit., Questão 726,
p. 344.
04. –. Provas voluntárias –
O verdadeiro cilício. In: –. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Trad. de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1983. Item 26, p.
126.
COMPLEMENTARES.
05. Dicionário de Ciências
Sociais. Fundação Getúlio Vargas, Instituto de documentação;
Benedicto Silva, coordenação geral; Antônio Garcia
de Miranda Netto.../et al/. Rio de Janeiro. Editora da Fundação
Getúlio Vargas. 1986. XX,.p. 1094.
06. Dicionário Contemporâneo
da Língua Portuguesa. Revisão geral de Hamilcar de Garcia
5. Ed Rio de Janeiro, Editora Delta, S. A. 1964, IV vol. P. 2685.
07. Op. Cit., p. 3055
08. Op. Cit., p. 3282.
09. Op. Cit., V vol., p. 3612-3613.
10. Diccionario Del Lenguage Fisosofico.
Dirigido por Paul Foulquë, con la colaboracion de Raymond Saint-Jean.
Traducción de César Armando Gómez. Editorial Labor,
S.A., 1967, p.911
11 Diccionario de Teologia Moral.
Dirigido por el Cardenal Francesco Roberti. Barcelona, Espana. Editorial
Liturgica Espanola, 1960, p.816.
12. SAYÃO, Antônio Luiz.
Fazer penitência. In: –. Elucidações Evangélicas.
7. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1983, p. 143.
13. Op. Cit., p. 144.
14. Op. Cit., p. 145.
SACRIFÍCIOS, MORTIFICAÇÕES
E PROMESSAS
A palavra sacrifício, etimologicamente, tem o sentido de "fazer alguma coisa sagrada".(09)
No sentido primitivo e unicamente religioso, representa uma oferenda que se faz à divindade, através de rituais. A oferenda pode ser representada por uma pessoa ou animal vivo, ou ainda produtos de colheita vegetal ou outros objetos. (05, 09, 10)
E importante que se faça uma
diferença entre o conceito religioso que se tem do termo e a sua
concepção social ou popular. Assim, no aspecto religioso,
além da característica do ritual, subtende-se que o sacrifício
será consumido pela divindade (05). O fato de alguém exercer
tarefas que certas seitas ou religiões exigem dos adeptos, como,
por exemplo, o pagamento do dízimo, não são sacrifícios,
mas regras da prática religiosa. "(...)Raramente é usado
em ciências sociais no seu significado popular de renúncia
de qualquer coisa de valor em favor de qual quer autoridade superior ou
objeto de respeito ou dever.
O propósito declarado do sacrifício
varia muito entre as diferentes culturas. (...)" (05)
Por extensão, o sacrifício
pode ser considerado como uma renúncia ou privação
voluntária de alguma coisa (10). Neste sentido, o Espiritismo nos
esclarece que as privações voluntárias meritórias
seriam representadas pela "(...) privação dos gozos inúteis,
porque desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma. Meritório
é resistir ã tentação que arrasta ao excesso
ou ao gozo das coisas inúteis e o homem tirar do que lhe é
necessário para dar aos que carecem do bastante;. (...)" (01)
Portanto, para a Doutrina Espírita,
o fazer o bem aos nossos semelhantes, é o maior mérito que
as privações voluntárias podem proporcionar. (01)
As manifestações dos
sacrifícios religiosos estão muito relacionados com as mortificações
e penitências.
Etimologicamente, mortificar é
sinônimo de afligir-se, atormentar-se, inquietar-se ou, ainda, castigar,
macerar o próprio corpo com penitências. ( 06, 11) A mortificação
ocorreria devido o arrependimento ou dor do pecado cometido e, em função
deste arrependimento, certas autoridades religiosas imporia uma pena ao
arrependido para remissão dos seus pecados (07). Esta pena poderia
ser representada por jejuns, orações, macerações
no próprio corpos e outras tantas mortificações existentes
nas manifestações de culto externo.
Em "Elucidações Evangélicas",
Antônio Luiz Sayão ao abordar o tema "penitência", traz-nos
luz sobre o assunto que ora estudamos. Segundo Sayão "(...) todos
(...) temos que fazer penitência, se não quisermos agravar
as nossas culpas e tornar-nos passíveis de maiores "castigos" .
Mas, que vem a ser penitência?
Pode ela dispensar a expiação e a reparação?
(...) (12)
"(...) A penitência, que Jesus
aconselhou, não consiste, como se entendeu outrora, na reclusão
em claustros, nos cilícios e outras tribulações materiais
{...). A penitência a que aludiu o divino Mestre é a
que constitui meio de tornarmos cada
vez menos ásperas, dificultosas e tormentosas as nossas existências
na Terra (...). Ela, pois, consiste no arrependimento sincero, profundo,
e no propósito firme em que a criatura se coloca de não tornar
a cometer as faltas que a arrastaram à mísera condição
humana e, ainda no esforço decidido de as pagar de todo {...)".
(l3)
"(...) O Espirito penitente absorve-se
todo na oração e na vigilância que Jesus recomendava
e que formam um como antemural às ondas de paixões que nos
lançam no abismo do infortúnio (...)". (14)
A respeito das mortificações,
aconselham-nos os Espíritos da Codificação: "(...)
Procurai saber a quem ela aproveita. (...) Se somente serve para quem a
prática e o impede de fazer o bem, e egoísmo, seja qual for
o pretexto com que entendam de colori-la. Privar-se a si mesmo e trabalhar
para os outros, tal a verdadeira mortificaçâo, segundo a caridade
cristã. (...3" (02)
"(...) Não enfraqueçais
o vosso corpo com privações inúteis e macerações
sem objetivo, pois que necessitais de todas as vossas forças para
cumprirdes a vossa missão de trabalhar na Terra Torturar e martirizar
voluntariamente vosso corpo e contravir a lei de Deus, que vos dá
meios de o sustentar e fortalecer. Enfraquecê-lo sem necessidade
é um verdadeiro suicídio. (...)" (04)
No intuito de obter favores ou mesmo
agradar a Deus ou aos bons Espíritos, algumas pessoas executam determinadas
ações ou se impõem certas privações,
a que chamam de promessa. Vulgarmente, fazer uma promessa significa, pois,
voto feito para obter alguma graça. Etmologicamente, promessa "(...)
significa ação ou efeito de prometer; afirmativa de que se
há de dar ou fazer alguma coisa (...)." (08)
As promessas tiveram uma razão
de ser, devido a falta de esclarecimento espiritual das pessoas que as
praticavam. "(...) Já vai distante o tempo das supersticiosas imposições
da teocracia; (...) ao seu reinado sucedeu o império da inteligência
e da razão (...) únicos funda mentos inabaláveis da
fé esclarecida e ativa.
Sim, passou o tempo da fé cega.
Os crentes, os verdadeiros crentes, se formam (...), pelo exercício
livre do pensamento, pelo estudo, pela observação, pela investigação,
pela análise. (...)" (15)
Em suma, o que se conclui e que os
sacrifícios, mortificações e promessas são
manifestações materiais, de culto externo, exercidas por
pessoas ainda distantes das verdades espirituais.