ROTEIRO 33
FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO
DA ALMA.
SONO E SONHOS.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS.
Estabelecer a diferença entre
Sono e Sonho.
Esclarecer qual a importância
de ambos os fenômenos para o encarnado.
IDÉIAS PRINCIPAIS.
"(...) O sono liberta a alma parcialmente
do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado em que
fica permanentemente de pois da morte. (...)" (02) -
(...) Graças ao sono, os Espíritos
encarnados estão sempre em relação com o mundo dos
Espíritos. (...)" (06)
"(...) O sonho é a lembrança
do que o Espirito vive durante o sono. Notai, porém, que nem sempre
sonhais. Que quer isso dizer? Que nem sempre vos lembrais do que vistes
(...) enquanto dormíeis. (...)" (06)
"(...) No homem de evolução
positivamente inferior o (...) sono é quase que absoluto estágio
de mero refazimento físico.(...)
"(...) O sono possui não só
propriedades restauradoras (...), mas um poder de coordenação
e centralização sobre o organismo material. Pode além
disso, (...) provocar uma ampliação considerável das
percepções psíquicas, maior intensidade do raciocínio
e da memória. (...)" (10)
"(...) Os sonhos são efeito
da emancipação da alma, que mais independente se torna pela
suspensão da vida ativa e de relação. (...)" (07)
FONTES DE CONSULTA.
BÁSICAS
01. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
Trad. de Guillon Ribeiro. 57. ed. Rio de Janeiro, FEB' 1983. Questão
401, p. 221.
02. Op. cit. , questão 402,
p. 221
03. Op. cit., questão 402,
p. 221-222
04. Op. cit., questão 402,
p. 222
05. Op. cit., questão 402,
p. 222-223.
06. Op. cit., questão 402,
p. 223.
07. Op. cit., questão 402,
p. 224.
08. Op. cit., questão 403,
p. 224.
09. -. O Livro dos Médiuns.
Trad. de Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1982. Item 118,
p. 149.
COMPLEMENTARES
10. DENIS, Léon. A alma e os
diferentes estados de sono. In: - . O Problema do ser. do Destino e da
Dor. 11. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1979. p. 76.
11. XAVIER, Francisco Cândido.
Desdobramento. In: Mecanismos da Mediunidade. Pelo Espirito André
Luiz. 6. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1981. p. 151.
SONO E SONHOS
Chama-se emancipação
da alma o desprendimento do Espirito encarnado, possibilitando-lhe afastar-se
momentaneamente do corpo físico que anima.
Cabe desde logo uma pergunta: "(...)
como pode o corpo viver, enquanto está ausente o Espírito?
(...)" (09) Allan Kardec considerou esta pergunta e ele mesmo a respondeu'
de acordo com os ensinos dos Espíritos, no seguinte trecho do item
118 de "O Livro dos Médiuns " (...) Poderíamos dizer que
o corpo vive a vida orgânica, que independe do Espirito (...). Mas,
precisamos acrescentar que, durante a vida, nunca o Espirito se acha completamente
separado do corpo. Do mesmo modo que alguns médiuns videntes, os
Espíritos reconhecem o Espírito de uma pessoa viva, por um
rastro luminoso, que termina no corpo, fenômeno que absolutamente
não se dá quando está morto, porque, então,
a separação é completa. Por meio dessa comunicação,
entre o Espirito e o corpo, é que aquele recebe aviso, qualquer
que seja a distancia a que se ache do segundo, da necessidade que este
possa experimentar da sua presença, caso em que volta ao seu invólucro
com a rapidez do relâmpago. (...)" (09)
A emancipação da alma
é fenômeno que pode ocorrer em várias circunstâncias
da vida humana, entre elas o sono.
Que é o sono? - Para a grande
maioria dos homens é o estado em que o corpo repousa, para refazimento
das suas energias físicas. Nada mais do que isso, sem mais outras
conseqüências. No estado de encarnação, de fato,
o Espirito que constitui a alma do homem só pode habitualmente manifestar-se
por meio do corpo a que se acha ligado, através do qual recebe todas
as impressões do ambiente em que encontra e exerce todas as atividades
de ordem física ou mental. A atividade do Espirito, entretanto,
se fosse incessante, não dando tréguas ao corpo, levaria
este à exaustão, e da exaustão, à morte. Por
isso Deus, em sua Divina Providência, estabeleceu na existência
humana a fase noturna do sono, em que o corpo repousa, com cessação
de todas as atividades motoras e sensoriais, o que permite, realmente,
a reparação de suas energias. Mas o sono - sabem-no hoje
os espíritas - tem uma significação muito mais profunda
e conseqüências muito mais amplas no conjunto integral da vida
humana. Enquanto o corpo jaz adormecido, não precisando da presença
do Espirito para comunicar-lhe atividades físicas ou mentais, este
se liberta, afasta-se do corpo reintegra-se em suas faculdades preceptivas
e ativas diretas, passando a agir à distancia do instrumento físico.
"(...) O sono liberta a alma parcialmente
do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado em que
fica permanentemente depois que morre. Tiveram sonos inteligentes os Espíritos
que, desencarnando, logo se desligam da matéria. Esses Espíritos,
quando dormem, vão para junto de seres que lhes são superiores.
Com estes viajam, conversam e se instruem.
(...) Isto, pelo que concerne aos
Espíritos elevados. Pelo que respeita ao grande número de
homens que, morrendo, têm que passar longas horas na perturbação,
na incerteza de que tantos já vos falaram, esses vão, enquanto
dormem, ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeiçoes,
ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui
tanto se deleitam. Vão beber doutrinas ainda mais vis mais ignóbeis,
mais funestas do que as que professam entro vós.(...)
Graças ao sono, os Espíritos
encarnados estão sempre em relação com o mundo dos
Espíritos. Por isso é que os Espíritos superiores
assentem, sem grande repugnância, em encarnar entre vós. Quis
Deus que, tendo de entrar em contato com o vicio, pudessem eles ir retemperar-se
na fonte do bem, a fim de igualmente não falirem, quando se propõem
a instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhos abriu, para
que possam ir ter com seus amigos do céu; é o recreio de
pois do trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a
libertação final, que os restituirá ao meio que lhes
é próprio. (...)" (05)
Ocorre, pois, durante o sono uma coisa
maravilhosa que, entretanto, e até que os Espíritos a viessem
revelar, por muito tempo permaneceu ignorada completamente pelos homens!
O homem em sua realidade essencial, o ser pensante, aquele que realmente
age, percebe e sente, em suma, o Espírito encarnado, a alma enclausurada
do homem liberta-se momentaneamente, embora não de modo completo,
mas o suficiente para viver algumas horas no mundo de onde ele é
originário, o mundo invisível, pondo-se em relação
com os seres desse mundo. E, então, se é já um Espírito
aprimorado - que alimenta aspirações elevadas, leva no mundo
uma vida de costumes puros, devotado ao trabalho, ao bem da família
e da sociedade - entra ele em relação com Espíritos
bons, mesmo com Espíritos Superiores, comunica-se com amigos e familiares
desencarnados ou ainda encarnados, no mesmo estado momentâneo de
emancipação; de uns colhe ensinamentos e de todos recebe
doações de amor, preparando-se para a volta definitiva a
esse mundo, que é o mundo normal primitivo de todos os Espíritos.
Mas se é um Espírito ainda recalcitrante, amante apenas dos
gozos da materialidade, vicioso e cheio de paixões inferiores, pode
passar algumas horas em contato com seres que lhe são também
afins, em ambientes espirituais de baixas e asfixiantes vibrações.
A alma humana, pois, momentânea
e periodicamente se liberta pelo sono, emancipa-se e, por algumas horas,
afrouxa-se-lhe o laço que a une ao corpo, pelo qual, entretanto,
permanece presa a ele, por mais que se afaste, pronta sempre a voltar,
ao menor sinal de que se faz necessária a sua presença. Esse
laço, todavia, e extremamente distensível, possibilitando
ao Espírito ou alma emancipada ir muito longe e pairar muito alto,
em outros mundos, quando permitido, para refazer-se e instruir-se.
Quando o corpo entra em delíquio
ou se entorpece, seja qual for a causa - o sono natural ou artificialmente
provocado pelo magnetismo, sonambulismo, hipnose, narcose, drogas, mesmo
que não leve ao sono profundo, mas somente a ligeiro torpor - ,
a alma se emancipa, desprende-se parcialmente e pode entrar em relação
com o plano invisível, com outros mundos e com os seres que os habitam.
Allan Kardec formulou aos Espíritos,
dentro do assunto que nos ocupa, perguntas muito interessantes, obtendo
respostas, por sua vez, sumamente instrutivas. Vejamos uma delas:
"Durante o sono, a alma repousa como
o corpo?
Não, o Espirito jamais está
inativo. Durante o sono, afrouxam se os laços que o prendem ao corpo
e, não precisando este então da sua presença, ele
se lança pelo espaço e entra em relação mais
direta com outros Espíritos." (01)
Cabe, de fato, ainda indagar: existe,
alem da simples revelação dos Espíritos, algo que
prove o que acabamos de asseverar? Sim, existe: é o fenômeno
do sonho, que pode ocorrer conosco quando dormimos. Se o corpo dorme e
por ele não pode o Espirito manifestar atividade alguma, como podemos,
entretanto, sentir-nos vivos, movimentando-nos, percebendo ambientes, entretanto
em relação com pessoas, enfim, vivenciando cenas e fatos,
como soe acontecer quando sonhamos? Que são os sonhos senão
o resultado de nossa atividade espiritual durante o sono?
Allan Kardec vem, mais uma vez, em
apoio do que afirmamos:
"(...) Como podemos julgar da liberdade
do Espirito durante o sono ?
Pelos sonhos. Quando o corpo repousa,
acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília.
Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire maior
potencialidade e pode por-se em comunicação com os outros
Espíritos, quer deste mundo quer do outro . (...)(03) " (...) O
sonho e a lembrança do que o Espirito viu durante o sono. Notai,
porem, que nem sempre sonhais. Que quer isso dizer? Que nem sempre vos
lembrais do que viste, ou de tu do que haveis visto, enquanto dormíeis.
É que não tendes então a alma no pleno desenvolvimento
de suas faculdades. (...)" (06)
"Por que não nos lembramos
sempre dos sonhos?
Em o que chamas sono, só há
o repouso do corpo, visto que o Espírito está constantemente
em atividade. Recobra, durante o sono, um pouco da sua liberdade e se corresponde
com os que lhe são caros, quer neste mundo quer em outros. Mas,
como é pesada e grosseira a matéria que compõe o corpo,
dificilmente este conserva as impressões que o Espirito recebeu,
porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos
corporais." (08)
É perfeitamente compreensível
a explicação dada pelo Espírito.
No estado de vigília as percepções
se fazem com o concurso da organização corporal; os estímulos
são selecionados pelos órgãos dos sentidos, transmitidas
através das vias nervosas sensitivas ao cérebro, onde se
gravam as impressões, para ser reproduzidas a cada evocação
no fenômeno da memória biológica. No estado de sono,
porém, nada mais chega ao Espírito pelas vias corporais;
tudo e por ele percebido diretamente, tem passar pelo cérebro. Dada,
porem a permanência da ligação entre o Espírito
e o corpo, nada impede que, excepcionalmente, e por via retrógrada,
as percepções da alma emancipada repercutam no cérebro
e, então, ocasionalmente, o homem se lembra do que presenciou, viu
ou escutou durante o sono. Neste caso dizemos que sonhamos.
Provam também a emancipação
da alma durante o sono as visitas espíritas entre pessoas vivas