ROTEIRO 37
OBSESSÃO
CONCEITO. CAUSAS E GRAUS DA OBSESSÃO
- 2A PARTE -
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterizar os graus da obsessão.
Citar e exemplificar os tipos de obsessão.
Os principais tipos de obsessão
são: de encarnado para encarnado, de desencarnado para desencarnado,
de encarnado para desencarnado, de desencarnado para encarnado. (06) -
IDÉIAS PRINCIPAIS
"(...) A palavra obsessão é,
de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie
de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão
simples, a fascinação e a subjugação." (01)
Dá-se a obsessão simples,
quando um Espirito malfazejo se impõe a um médium, se imiscui,
a seu mau grado. (...)" (02)
'A fascinação tem conseqüências
muito mais graves. ~ uma ilusão produzida pela ação
direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de
certa maneira, lhe paralisa o raciocínio (...).' (03)
'A subjugação e uma
constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o
faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro
jugo. A subjugação pode ser moral ou corporal. (...)'' (04)
Os principais tipos de obsessão
são: de encarnado para encarnado, de desencarnado para desencarnado,
de encarnado para desencarnado e de desencarnado para encarnado. (06)
FONTES DE CONSULTA
BÁSICAS . ....
01. KARDEC, Allan. Da obsessão.
In:-. O Livro dos Médiuns, Trad. de _ Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio
de Janeiro, FEB, 1982 .Item 237, p. 297-298
02. Op. cit., item 238, p. 298.
03. Op. cit., item 239, p. 298.
04. Op. cit., item 240, p. 300.
05.Manifestações dos
Espíritos - Caráter e conseqüências religiosas
das manifestações dos Espíritos. Da obsessão
e da possessão. In: -. Obras Póstumas. Trad. de Guillon Ribeiro.
18. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1981. 1a parte, item 58, p. 69-73.
COMPLEMENTARES
06. SCHUBERT, Suely Caldas. As várias
expressões de um mesmo problema. in: -. Obsessão/Desobsessão.
Rio de Janeiro, FEB, 1981.p. 34-41.
CONCEITO, CAUSAS E GRAUS DE OBSESSÃO
(2A PARTE)
Vimos que a obsessão pode ser
entendida como o domínio que alguns Espíritos de natureza
inferior podem exercer sobre certas pessoas. Esse domínio apresenta
graus variáveis, resultando dai, efeitos também variáveis,
em grau e em complexidade. As principais variedades de obsessão
são a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.
No estudo da mediunidade, Kardec conceituou, como segue, as variedades
de obsessão: - Obsessão simples - verifica-se quando um Espirito
moralmente inferior se impõe a um médium, intromete-se nas
comunicações contra a vontade do médium, impede que
este se comunique com outros Espíritos, e substitui os Espíritos
que são evocados. Qualquer médium, principalmente quando
lhe falta experiência, pode ser enganado por Espíritos mal
intencionados. Entretanto, o que caracteriza a obsessão simples
é a persistência de um Espirito em perturbar as comunicações,
e a dificuldade que o médium encontra para livrar-se desse inconveniente.
(02) - Fascinação - e entendida como uma ilusão criada
diretamente pelo Espírito no pensamento do médium, e que
inibe o seu discernimento ou a sua capacidade de Julgar as comunicações.
O médium fascinado não se considera enganado, O Espírito
obsessor consegue impedi-lo de reconhecer o engano, mesmo quando a mistificação
é grosseira e ridícula. As conseqüências da fascinação
são mais graves, uma vez que ~ obsessor dirige a vitima, fazendo-a
aceitar teorias e idéias as mais absurdas. Nos casos de fascinação,
os Espíritos obsessores são, geralmente, bastante espertos
e ardilosos. (03) - Subjugação - é um envolvimento
que anula a vontade da pessoa -fazendo-a agir de acordo com a vontade do
obsessor. O obsidiado fica subordinado a um verdadeiro jugo. A subjugação
pode ser moral ou corpórea. No primeiro caso, a pessoa é
obrigada a tomar decisões quase sempre absurdas e comprometedoras;
no segundo caso, o Espirito age sobre a organização física,
provocando desde movimentos involuntários simples até lesões
graves no corpo do encarnado.
Entendendo a obsessão como
o domínio de uma mente sobre outra mente, ou seja, um processo de
transmissão mental, compreender-se-á que ela pode apresentar
outras características alem daquela até aqui focalizada,
ou seja, a atuação de um Espírito desencarnado sobre
um encarnado
Existem, em grande número,
pessoas obsidiando pessoas (06); caracterizam-se pela capacidade que têm
de dominar mentalmente aqueles que elegem como vitimas. Este domínio
mascara-se com os nomes de ciúme, inveja, paixão ou ânsia
de poder, e é exercido, muitas vezes, de maneira tão sutil,
que a pessoa dominada julga-se extremamente amada, e ate mesmo protegida.
É uma obsessão de encarnado para encarnado. O marido que
subjuga a esposa, a esposa que tiraniza o marido, são expressões
desse tipo de obsessão. (06)
Espíritos desencarnados também
obsidiam Espíritos desencarnados; o mesmo drama de domínio
de uma mente sobre outra mente desenrola-se também no plano espiritual.
É a obsessão de desencarnado para desencarnado. Situações
que ocorrem na erraticidade são, muitas vezes, reflexo daquelas
que ocorrem na crosta terrestre, e vice-versa. (06)
Embora possa parecer difícil,
a obsessão também acontece de um Espírito encarnado
para um desencarnado
fato mais freqüente do que se
pensa, pois muitas criaturas humanas vinculam-se, obstinadamente, aos entes
amados que as precederam no túmulo. Expressões de amor egoísta
e possessivo levam à fixação mental naqueles que desencarnaram,
retendo-os às reminiscências da vida terrestre, não
lhes permitindo o equilíbrio necessário para enfrentar a
nova situação na vida espiritual. Idêntico processo
verifica-se quando o sentimento que do mina o encarnado e de ódio,
revolta, etc. (06)
Finalmente, a obsessão pode
assumir ainda a expressão de obsessão recíproca. Assim
como as almas afins e voltadas para o bem cultivam a convivência
amiga e fraterna, assim também existem criaturas que permutam vibrações
de natureza inferior, com as quais se comprazem. É uma espécie
reciproca, que tanto pode ocorrer entre encarnados quanto entre desencarnados,
ou ainda entre estes e aqueles. (06)
NOTA: Alem dos livros citados na Referência
Bibliográfica, sugerimos a leitura, em especial, das seguintes obras
de Francisco Cândido Xavier, ditadas pelo Espírito André
Luiz.
01. XAVIER, Francisco Cândido.
Entre a Terra e o Céu. Ditado pelo Espirito André Luiz. 8.
ed. Rio de .Janeiro, FEB, 1982.
02. -. Libertação. Pelo
Espirito André Luiz. 7. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1978.
03.-. No Mundo prior. Ditado polo
Espirito André Luiz. 8. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1979.
04.- . & VIEIRA, Waldo. Sexo e
Destino. Ditado polo Espírito André Luiz. 9. ed. Rio de Janeiro,
FEB, 1983.
AS VÁRIAS EXPRESSÕES
DE UM MESMO PROBLEMA
'( . . . ) existem problemas obsessivos
em várias expressões, como os de um encarnado sobra outro;
de um desencarnado sobro outro; de um encarnado sobre. um desencarnado
e, genericamente, deste sobre aquele." — Manoel Philomeno de Miranda.
(Sementes de Vida Eterna, Autores
Diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, cap. 30.)
Obsessão — um problema a expressar-se de virias maneiras. Alem das relacionadas por Manoel P. de Miranda, acrescentaremos: a obsessão recíproca e a auto-obsessão.
ENCARNADO PARA ENCARNADO
Pessoas obsidiando pessoas existem
em grande número. Estão entre nós. Caracterizam-se
pela capacidade que têm de dominar mentalmente aqueles que elegem
corno vítimas.
Este domínio mascara-se com
os nomes de ciúme, inveja, paixão, desejo de poder, orgulho,
ódio, e é exercido, ~ vezes, de maneira tão sutil
que o dominado se julga extremamente amado. Até mesmo protegido.
Essas obsessões correm por
conta de um amor que se torna tiranizante, demasiadamente possessivo, tolhendo
e sufocando a liberdade do outro.
É, por exemplo, o marido que
limita a liberdade da esposa, mantendo-a sob o jugo de sua vontade; é
a mulher que tiraniza o companheiro, escravizando-o a os seus caprichos
; são os pais que se julgam no direito de governar os filhos, cerceando-lhes
toda e qualquer iniciativa; são aqueles que, em nome da amizade,
influenciam o outro, mudando-lhe o modo de pensar, exercendo sempre a vontade
mais forte o domínio sobre a que se apresentar mais passiva.
São ainda as paixões
escravizantes que, desequllibrando emocionalmente os seres, podem ocasionar
dramas dolorosos, configurados em pactos de suicídio, assassínios'
etc.
A dominação mental acontece
não só no plano terrestre, isto é nas ocorrências
do dia a dia. mas prossegue principalmente durante o sono físico,
quando os seres assim comprometidos se defrontam em corpo astral, parcialmente
libertos do corpo carnal, dando curso em maior profundidade ao conúbio
infeliz em que se permitiram enredar.
O mesmo sucede sob o império
do ódio ou quaisquer outros sentimentos de ordem inferior. Até
mesmo dentro dos lares, na mesma família, onde se reencontram antigos
desafetos, velhos companheiros do mal, comparsas de crimes nefandos, convocados
pela Justiça Divina ao reajustamento. Entretanto, escravizados ao
passado deixam-se levar por antipatia e aversão reciprocas, que
bem poucos conseguem superar de imediato. Surgem dai muitas das rixas familiares,
já que esses Espíritos agora unidos pelos laços da
consangüinidade, prosseguem imantados às paixões do
pretérito, emitindo vibrações inferiores e obsidiando-se
mutuamente.
São pais que recebem , como
filhos, antigos obsessores. ~ o obsessor de ontem que acolhe nos braços,
como rebento de sua carne, a vitima de antanho.
E esses seres se entrelaçam
nos liames consangüíneos para que tenham a preciosa ensancha
de modificar os próprios sentimentos, vencendo aversões,
rancores e mágoas.
Reduzido, porem, ainda é o
número dos que conseguem triunfar, conquistando o vero sentimento
de fraternidade' tolerância e amor. Sem embargo, a experiência
vivida, à custa de sacrifícios e lágrimas, será
para todos o passo inicial da longa e bela escalada, em busca do Pai que
nos aguarda em Sua Infinita Misericórdia.
DESENCARNADO PARA DESENCARNADO
Espíritos que obsidiam Espíritos.
Desencarnados que dominam outros desencarnados, são expressões'
de um mesmo drama que se desenrola tanto na Terra quanto no Plano Espiritual
Inferior.
As humanidades se entrelaçam:
a dos seres incorpóreos e a dos que retomaram a carne. Situações
que ocorrem na Crosta são, em grande parte, reflexo da odisséia
que se desenvolve no Espaço. E vice-versa.
Os homens são os mesmos: carregam
os seu vícios e paixões, as suas conquistas e experiências
onde quer que estejam.
Por isso há no Além-Túmulo
obsessões entre Espíritos. Por idênticos motivos das
que ocorrem na face da Terra.
Em quase todos os processos obsessivos
desencadeados pelo que já desencarnou, junto ao que ainda está
preso ao veículo físico, o obsessor cioso da cobrança
costuma, em geral, aliciar outros Espíritos para secunda-lo em sua
Vingança. Tais "ajudantes" são invariavelmente inferiores
e de Inteligência menos desenvolvida que a de seu chefe. A sujeição
mental a que se submetem tem suas origens no temor ou até em compromissos
ou dívidas existentes entre eles, havendo casos em que o "chefe"
os mantém sob hipnose - processo análogo, aliás, ao
utilizado com as vitimas encarnadas.
O jugo dos obsessores só é
possível em razão da desarmonia vibratória de suas
presas, que só alcançarão a liberdade quando modificarem
a própria direção mental. Certamente recebem, tanto
quanto os obsessores, vibrações amorosas e equilibradas dos
Benfeitores Espirituais, que Ihes aguardam a renovação. Espíritos
endividados e comprometidos entre si mesmos, através de associações
tenebrosas, de idêntico padrão vibratório, se aglomeram
em certas regiões do Espaço, obedecendo à sintonia
e à lei de atração, formando hordas que erram sem
destino ou se fixam temporariamente, em cidades, colônias, núcleos,
enfim, de sombras e trevas. Tais núcleos tem dirigentes, que se
proclamem Juízes, julgadores, chamando a si a tarefa do distribuir
"justiça " aos Espíritos Igualmente culpados e também
devotados ao. mal, ou endurecidos pela revolta e pela descrença.
Na obra " Libertação ", de André Luiz, encontramos
a descrição de uma dessas cidades e no livro "Nos Bastidores
da Obsessão", de Manoel P. de Miranda, temos notícia também
de um desses núcleos trevosos.
Aí, nesses redutos das sombras,
comete-se toda sorte de atrocidades e os Espíritos aferrados ao
mal são julgados e condenados por outros ainda em piores condições.
Torturas inimagináveis, crueldades, atos nefandos são praticados
por esses seres que se afastaram, deliberadamente do bem. Esses agentes
do mal, todavia, não estão abandonados pela misericórdia
do Senhor, e sempre que ofereçam condições propícias
são balsamizados pelas luzes divinas a ensejar-lhes a transformação.
Um dia retornarão ao aprisco, porque nenhuma das ovelhas se perdera...
DE ENCARNADO PARA DESENCARNADO
A primeira vista, a obsessão
do encarnado sobre o desencarnado pode parecer difícil ou mais rara
de acontecer. Mas, ao contrário, é fato comum, já
que as criaturas humanas, em geral por desconhecimento, vinculam-se obstinadamente
aos entes amados que as prece. deram no túmulo.
Expressões de amor egoísta
e possessivo, por parte dos que ainda estão na carne, redundam em
fixação mental naqueles que desencarnaram, retendo-os às
reminiscências da vida terrestre. Essas emissões mentais constantes,
de dor, revolta, remorso e desequilíbrio terminam por imantar o
recém-desencarnado aos que ficaram na Terra, não lhes permitindo
alcançar o equilíbrio de que carece para enfrentar a nova
situação.
A inconformação e o
desespero, pois, advindos da perda de um ente querido, podem transformar-se
em obsessão que irá afligi-lo e atormenta-lo.
Idêntico processo se verifica
quando o sentimento que domina o encarnado é o do ódio, da
revolta, etc.
É bastante comum, também,
que herdeiros insatisfeitos com a partilha dos bens determinada pelo morto
se fixem mentalmente neste, com seus pensamentos de inconformação
e rancor. Ac disputas de herança afetam dolorosamente os que já
se desprenderam dos liames carnais, se estes ainda não conquistaram
posição espiritual de equilíbrio. E, mesmo neste caso,
a disputa entre os herdeiros em torno dos bens irá confrange-los
e preocupá-los.
Ah! se os homens pensassem um pouco
mais na vida além da ida transitória, se dedicassem mais
atenção às coisas espirituais, se dessem mais valor
aos bens eternos que constituem o verdadeiro tesouro, se relembrassem os
sublimes ensinamentos do Cristo, certamente haveria menos corações
infelizes a transitarem entre os dois planos, hesitando entre a espiritualidade
que Ihes acena com novas perspectivas e as solicitações inferiores
que os atraem e os imantam à retaguarda.
DE DESENCARNADO PARA ENCARNADO
É a atuação maléfica
de um Espírito sobre um encarnado.
O processo obsessivo entre os seres
invisíveis e os que estão encarnados parece ser o de maior
incidência.
Evidentemente, por ser mais fácil
ao desencarnado influenciar e dominar a mente daquele que está limitado
pelo veículo somático.
Agindo nas sombras, o obsessor tem,
a seu favor o fato de não ser visível e nem sempre percebido
ou pressentido pela sua vítima. Esta, incauta, imprevidente, desconhecendo
até a possibilidade da sintonia entre os seres do Plano Espiritual
e os da Esfera Terrestre deixa-se induzir, sugestionar e dominar pelo perseguidor,
que encontra em seu passado as "tomadas" mentais que facultarão
a conexão. Estas "tomadas" são os fatores predisponentes,
como a presença da culpa e do remorso. Nem sempre, contudo o Espírito
está consciente da sua influência negativa sobre o encarnado.
Não raro, desconhecendo a sua situação, pode, sem
o saber, aproximar-se de uma pessoa com a qual se, afinize e assim prejudicá-la
com suas vibrações. Outros o fazem intencionalmente; a maioria,
com o intuito de perseguir ou vingar-se, como veremos nos capítulos
seguintes.
OBSESSÃO RECIPROCA
A obsessão pode assumir ainda,
em qualquer de suas expressões até agora mencionadas, a caraterística
de obsessão reciproca.
Na vida real é fácil
encontrar casos que confirmem isto. Assim como as almas afins e voltadas
para o bem cultivam a convivência amiga e fraterna, na qual buscam
0 enriquecimento espiritual que as possa nutrir e confortar, assim também,
sob outro aspecto, as criaturas se procuram para locupletar-se das vibrações
que permutam e nas quais se comprazem. Apenas, uma vez mais, uma questão
de escolha.
André Luiz, observando o caso
de Libório— que obsidiava a mulher por quem sentia paixão,
vampirizando-lhe o corpo físico— esclarece a respeito: "O pensamento
da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente
nele, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma onda. É
um caso de perseguição reciproca. (. . .) enquanto não
Ihes modificamos as disposições espirituais (. . . ) jazem
no regime da escravidão mútua, em que obsessores e obsidiados
se nutrem das emanações uns dos outros." (Grifo nosso.) (3)
Essa característica de reciprocidade
transforma-se em verdadeira simbiose, quando dois seres passam a viver
em regime de comunhão de pensamentos e vibrações.
Isto ocorre até mesmo entre os encarnados que se unem através
do amor desequilibrado, mantendo um relacionamento enervante.
São as paixões avassaladoras
que tornam os seres totalmente cegos a quaisquer outros acontecimentos
e interesses, fechando-se ambos num egoísmo a dois, altamente perturbador.
Esses relacionamentos, via de regra, terminam em tragédias se um
dos parceiros modificar o seu comportamento em relação ao
outro.
Não raro, encontramos em nossas
reuniões casos de obsidiados que estão sendo tratados e que
afirmam desejar livrar-se do jugo do obsessor. Quando este, entretanto,
comunica-se gaba-se de que o encarnado o chama insistentemente e diz precisar
dele (obsessor), não se podendo separar, pois necessitam um do outro.
Alguns chegam mesmo a proclamar que entre ambos existe paixão, razão
pela qual têm de permanecer juntos.
Se o encarnado diz que pretende libertar-se,
isto se deve ao fato de que fisicamente ele sofre com tal situação.
No Intimo, todavia, tem prazer em situar-se como vítima. Durante
o sono, por certo, basca a companhia do outro, comprazendo-se com a permuta
de vibrações e sensações.
(3) Nos caminhos da Mediunidade, André
Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, cap. 14. 10 ed. FEB
A AUTO-OBSESSÃO
"O homem não raramente é
o obsessor de si mesmo" (4), é o que assevera o Codificador.
Tal coisa, porém, bem poucos
admitem. A grande maioria prefere lançar toda a culpa de seus tormentos
e aflições aos Espíritos, livrando-se, segundo julguem,
de maiores responsabilidades.
Kardec vai mais longe e explica: "Alguns
estados doentios e certas aberrações que se lançam
à conta de uma causa oculta, derivam do Espírito do próprio
indivíduo." (5)
Tais pessoas estão ao nosso
redor. São doentes da alma. Percorrem os consultórios médicos
em busca do diagnóstico impossível para a medicina terrena.
São obsessores de si mesmos, vivendo um passado do qual não
consegues fugir. No porão de suas recordações estão
vivos os fantasmas de suas vítimas, ou se reencontram com os a quem
se acumpliciaram e que, quase sempre, os requisitam para a manutenção
do conúbio degradante de outrora.
Esses, os auto-obsidiados graves e
que se apresentam também subjugados por obsessões lamentáveis.
São os inimigos, as vítimas ou os comparsas a Ihes baterem
às portas da alma.
Mas existem também aqueles
que portam auto-obsessão sutil, mais difícil de ser detectada.
É, no entanto, moléstia que está grassando em larga
escala atualmente.
Um médico espirita disse-nos,
certa vez, que é incalculável o número de pessoas
que comparecem aos consultórios, queixando-se dos mais diversos
males - para os quais não existem medicamentos eficazes - e que
são tipicamente portadores de auto-obsessão. São cultivadores
de "moléstias fantasmas". Vivem voltados para si mesmos, preocupando-se
em excesso com a própria saúde (ou se descuidando dela),
descobrindo sintomas, dramatizando as ocorrências mais corriqueiras
do dia-a-dia, sofrendo por antecipação situações
que jamais chegarão a se realizar, flagelando-se com o ciúme,
a inveja, o egoísmo, o orgulho, o despotismo e transformando-se
em doentes imaginários, vitimas de si próprios, atormentados
por si mesmos.
Esse estado mental abre campo para
os desencarna dos menos felizes, que dele se aproveitam para se aproximarem,
instalando-se ai sim, o desequilíbrio por obsessão.
(4) Obras Póstumas, Allan Kardec,
Primeira Parte, "Manifestações dos Espíritos", Item
58, 17.a ed., FEB.
(5) Id., id.
SCHUBERT, Suely Caldas. As várias
expressões de um mesmo problema. In Obsessão/Desobsessão.
Rio de Janeiro, FEB, 1981, p 34-41